On 16:07 by Koji Sakamoto   1 comment


                Há pessoas que pensam que são altruístas, que dão o melhor de si para agradar as outras pessoas. Mas dar o “melhor de si” para elas é fazer o que lhes é conveniente, porque gostam de tal coisa e acham que a outra pessoa também gosta e tentam impor sua vontade. Não se preocupam com os desejos e expectativas do outro. Não conseguimos mudar as pessoas com imposições e nem mostrando a elas o que consideramos errado, mas sim com amor, desapego e aprendendo a entregar tudo nas mãos de Deus.
                Uma senhora tinha um marido que não era assim tão entusiasmado pelas coisas dela. Um dia, curioso com esse fato perguntei:
                -Por que seu marido não se interessa por coisas que são tão vitais para a senhora?
                -Ele não quer, acha que não é importante...
                -Acho que o problema está em você – eu disse com convicção
                -Em mim? Mas eu faço tudo que sei fazer, por ele!
                Uma tarde, fui a uma reunião na casa dessa senhora. Insisti:
                -Você faz o seu marido feliz?
                -Lógico! Compro tudo que é bom para ele: “alface crocante” proveniente do cultivo natural de alimentos, legumes, verduras e frutas sem agrotóxicos, até pasta dental natural... Mas ele não come o que ofereço. Só compra e come o que ele mesmo quer.
                Fiquei pensando como seria a “alface crocante”... Nunca soube que alface era essa, mas ouvindo seu relato, lhe falei com seriedade:
                -Você quer impor as coisas para seu marido, as coisas que você acha que são boas. Isso é uma característica sua! Do que ele mais gosta?
                -Bolo – respondeu de imediato.
                -Então a senhora faz bolos para ele, não é mesmo?
                -Não...
                -Como não faz? – perguntei perplexo
                -Vou a doceria, compro o bolo mais gostoso e lhe ofereço. Ele fica feliz.
                -A senhora tem que fazer o bolo, com seu sentimento de gratidão a ele – orientei
                -Fazer? Mas eu não sei fazer bolo!
                -Ótimo pretexto para aprender.
                Ela tentou fazer o bolo na primeira oportunidade. Arriscou e fez, mas foi um desastre: ele não cresceu. Porém, como todos estavam esperando-o com tanta ansiedade, ela lhes ofereceu assim mesmo.
                O marido e o filho comeram o bolo todo. E com a maior alegria. Quando ela me contou isso, eu lhe disse:
                -Está vendo? O bolo era feio, não cresceu, mas tinha amor e espírito.
                A partir desse dia, ela começou a tentar não impor mais nada ao marido, mas buscando fazê-lo feliz do jeito que ele esperava. Resultado: dois meses depois, ele estava mudado e mais atendo ao que ela gostava e queria dele.
                Temos que tomar cuidado com essa característica de impor nosso “eu” aos outros. Isso é falta de delicadeza, e se reflete em tudo.

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